Será que a Radiologia Intervencionista do Brasil está preparada para ser palco de estudos clínicos e ajudar na fronteira do conhecimento da especialidade?

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O congresso SBIO

Este fim de semana, tive a honra de participar do primeiro Simpósio SBIO (Simpósio Brasileira de Intervenção Oncológica) no Brasil, um marco no campo da intervenção oncológica, tendo como um dos idealizadores o Dr Marcos Roberto de Menezes, Diretor Médico do Centro de Intervenção Guiada por Imagem do Icesp, Inrad e Hospital Sírio Libanês e mestre de muitos intervencionistas do país. Me sinto afortunado de ser um deles.

O alto nível das palestras e a presença de oncologistas clínicos, médicos cirurgiões e radioterapeutas foi, sem dúvida, notável. Imerso nesse ambiente de elevada competência técnica e científica, me vi reflexivo: “Estaria o Brasil pronto para se tornar um palco significativo para estudos clínicos na Radiologia Intervencionista?”

 

Creio firmemente que sim. O Brasil possui todos os componentes necessários para se destacar nesta área: uma população grande e diversificada, centros de alta tecnologia, e um corpo clínico altamente capacitado. Contudo, ainda estamos em estágios iniciais quando se trata de estudos clínicos com braços com a participação de procedimentos realizados por médicos radiologistas intervencionistas.

 

Em buscas na plataforma www.estudosclinicosbr.com.br, da qual tenho o prazer de ser fundador e desenvolvedor junto com meus parceiros ChatGPT , GitHub Copilot e colegas/amigos oncologistas, encontramos apenas um estudo clínico recrutando atualmente para hepatocarcinoma, o EMERALD-3, que envolve um método intervencionista, a quimioembolização, para pacientes que não são candidatos a cirurgia ou terapias ablativas locoregionais. Esta realidade se contrapõe à explosão de estudos clínicos na Oncologia Clínica, onde se contabilizam mais de 200 estudos de fase 2 e 3 em andamento, onde novos medicamentos estão sendo estudados.

 

Essa discrepância reforça a necessidade de ampliar a participação da Radiologia Intervencionista na pesquisa clínica. Pacientes oncológicos, frequentemente, não têm acesso aos tratamentos mais recentes, e estudos clínicos podem ser a ponte para essas inovações terapêuticas e disseminação de conhecimento que podem transformar a trajetória de pacientes com câncer, principalmente para aqueles com pouco acesso à uma medicina de ponta.

 

Durante o fim de semana, vi uma iniciativa neste contexto vinda de um colega intervencionista, Dr. Guilherme Lopes Pinheiro Martins, que me deixou muito animado. Ele vai liderar um estudo clínico que avaliará o papel do tratamento por microondas de metástases pulmonares de pacientes com sarcoma no ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo). É uma oportunidade para divulgarmos e nos inspirarmos com esta iniciativa. Pacientes com este tipo específico de câncer e metástases pulmonares poderão ter oportunidade de serem tratados por este método minimamente invasivo.

 

O momento é de reflexão, mas também de ação. Podemos, e devemos, promover a Radiologia Intervencionista no Brasil, aproveitando ao máximo seu potencial para remodelar o cenário de estudos clínicos no país e, ainda mais crucial, para melhorar a vida de muitos pacientes. Temos o potencial para colocar nosso país no lugar que ele merece: como formador de opiniões na vanguarda do conhecimento! Para que isso ocorra, necessitamos de iniciativas como o Simpósio SBIO, palco para nossos médicos altamente qualificados, bem como reconhecimento e parcerias internacionais e apoio da indústria farmacêutica e de equipamentos médicos para impulsionar essa demanda! 🏥🇧🇷

Até breve,

Dr. João Paulo Giacomini Bernardes - Radiilogista Intervencionista em Brasília - DF

Dr João Paulo Giacomini Bernardes
Radiologista Intervencionista em Brasília- DF

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